Coluna Quem se importa?... Com José Maria (Pezinho)

Projeto Colônia de UVAA - Utilidades, Vestuário e Alimentos da Alemanha

Objetivo: O presente projeto visa incrementar a economia da Cidade de Goiás com a instalação em seu parque agroindustrial de um complexo de multinacionais alemãs, gerando emprego e renda.

Justificativa:
A maior comunidade alemã fora da Alemanha fica no Brasil, mais especificamente entre São Paulo e Rio Grande do Sul. Isto se deve às políticas de incentivo à imigração européia feitas pelo governo brasileiro desde meados do século XIX.

Consequentemente a maior concentração de empresas alemãs no mundo está em São Paulo. Das 1200 indústrias germânicas em nosso país, 800 estão na Grande São Paulo. Começaram nos anos 50 com a Volkswagen e a Mercedes-Benz, e hoje se estendem pelo interior daquele Estado num raio de 150 km a partir da capital, como é o caso da Bosch em Campinas, ZF em Sorocaba e Basf em Guaratinguetá. Tal malha produtiva gera cerca de 250 mil empregos.

Os setores predominantes são: automobilístico, autopeças, químico e farmacêutico, energia e telecomunicações, máquinas e equipamentos.

Para investimentos futuros, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo prevê o setor de Tecnologias Sustentáveis, dada a liderança mundial alemã em segmentos relacionados à eficiência energética e energia renovável. Inclusive a Alemanha, dentre as principais economias do mundo, é a única potência que está praticamente desativando sua matriz energética nuclear e buscando eliminar sua dependência a combustíveis fósseis.

Recentemente têm ocorrido parcerias na área ambiental entre o Governo de Minas Gerais e o Governo da Alemanha na produção de bioenergia e incentivo em florestas plantadas com eucalipto.

A empresa alemã Revert Brasil, com atuação em São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco e Piauí tem se expandido cada vez mais no ramo de reciclagem de eletroeletrônicos como computadores, chuveiros elétricos, liquidificadores, geladeiras, freezer e ar condicionado; estes últimos com o intuito de aproveitamento de componentes sem liberar CFC na atmosfera.

A Fundação Volkswagen desenvolveu iniciativas na área da educação que, desde 2003, já beneficiaram mais de 160 municípios do Estado de São Paulo.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial tem trabalhado no que se convencionou chamar de “Projetos de Cooperação Brasil-Alemanha”.

A Confederação Alemã das Indústrias (BDI, na sigla em alemão) possui um programa batizado de Brazil Board que apóia pequenas e médias empresas da Alemanha na procura por novos negócios no Brasil. Uma particularidade destes empreendedores de fora seria poder participar de empreitadas públicas ou privadas na área de infra-estrutura, como estradas, aeroportos e construção civil, segmento cada vez mais carente de investidores e qualificação no país.

Para complementar, conclui-se que este é o melhor momento de busca de parcerias com a nação germânica, pois o período 2010-2011 foi declarado como o “Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação”. Desta iniciativa se espera gerar resultados em linhas de ação como: biotecnologia, meio ambiente e sustentabilidade, produção de tecnologias e cooperação.

Os dados supracitados foram extraídos do site www.alemanja.org (Centro Alemão de Informação).

No que diz respeito à presença alemã no município da Cidade de Goiás, encontra-se o registro histórico ímpar da Colônia de Uvá: rara experiência de colonização germânica no cerrado goiano em 1924. Na ocasião foi criada uma Embaixada da Alemanha na Cidade de Goiás, cujo prédio atualmente é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Formada inicialmente por cerca de 300 famílias de imigrantes o povoado de mesmo nome do rio do qual se instalou em suas margens foi perdendo suas características culturais, étnicas e arquitetônicas ao longo das décadas. A falta de insumos do governo fez desta comunidade um fracasso em termos de povoamento europeu. Muitos dos descendentes das famílias originais se mudaram para outras partes do país e até mesmo para a Alemanha, embora a maioria tenha se instalado nos municípios vizinhos à Cidade de Goiás. Hoje o local é um pequeno distrito da Cidade de Goiás, a 40 Km do perímetro urbano às margens da GO-070, e sobrevive de atividades agrícolas de subsistência. Ainda se comemora o aniversário da Colônia no dia 26 de Agosto, data de sua fundação. De uma população aproximada de 500 habitantes, calcula-se que cerca de 100 moradores sejam descendentes de imigrantes alemães.

A Universidade Federal de Goiás (UFG), campus de Goiás, oferece um curso de extensão em Língua Alemã para a comunidade; uma porcentagem considerável dos alunos é composta de descendentes diretos de famílias alemãs que perderam com o tempo a sua identidade lingüística.

Como já foi explanado neste documento São Paulo é o epicentro da atividade germânica no Brasil, e ironicamente a Cidade de Goiás, antiga Vila Boa, foi fundada por paulistas cuja influência foi tão marcante que o lugar em questão era conhecido no Reino Português como “Cidade dos Paulistas” no período colonial.

Seguindo esta linha de raciocínio e somando-a as informações já mencionadas sobre a pitoresca Colônia de Uvá então viria a proposta justificável de uma Ética Histórica Restauradora das características perdidas da tal comunidade alemã do cerrado buscando para isso o apoio governamental e da iniciativa privada, na forma de investimentos empresariais multinacionais no eixo Brasil-Alemanha.

Aplicabilidade:

Conforme dados mencionados as multinacionais chegam a se espalhar pelo interior do Estado de São Paulo por até 150 km da capital. Tal situação poderia ser reproduzida na realidade vilaboense uma vez que da antiga capital goiana até a região metropolitana de Goiânia são 140 km. Distância aproximada também entre o DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis), maior parque industrial do Centro-Oeste brasileiro, e a Cidade de Goiás.

Para tal empreendimento pioneiro já existe no município vilaboense, desde 1996, um Distrito Agroindustrial com 8 alqueires planos e com muita água às margens da vital rodovia estadual GO-070. Rodovia esta, inclusive, em vias de duplicação pelos próximos anos ligando o turismo da Cidade de Goiás até o mercado de Goiânia e Brasília.

E, ainda dentro do potencial da matriz de transportes da região, há a possibilidade de execução do velho projeto da Hidrovia do Araguaia, que se tornaria a principal rota aquaviária do centro do país ao litoral, caso as autoridades tomem providências urgentes na preservação das margens do referido rio que está sendo assoreado e perdendo aos poucos sua navegabilidade. Soma-se a isso a Ferrovia Norte-Sul, com sua principal plataforma em Anápolis de proximidade já exposta, e se terá uma perspectiva otimista no gargalo econômico da região para investidores locais e estrangeiros.

Vale lembrar que o aeroporto da Cidade de Goiás foi adaptado para vôos turísticos internacionais. Tal adequação pode permitir que empresas do setor aéreo que atuem em rotas próximas como a Fraport AG, grupo alemão que administra o Aeroporto de Lima (Peru), possam se interessar numa pequena parceria público-privada junto à Prefeitura Municipal de Goiás, uma vez que a cidade é até mesmo rota dos caças da Força Aérea Brasileira (FAB), que saem da base de Anápolis rumo à fronteira amazônica.

A tal área pública sugerida para a instalação dos investidores localiza-se num ponto de logística interessante: está a 18 km de distância dos centros de três cidades vizinhas ao mesmo tempo, que seriam a Cidade de Goiás, Mossâmedes e Itaberaí. Um ponto de confluência que deveria ser extremamente explorado, tamanha sua situação estratégica.

A vocação do goiano em certos produtos deve ser considerada quando da seleção do tipo de empresa que se vise angariar neste projeto. Portanto, aqui estão idéias de empresas alemãs que talvez não encontrassem tanta dificuldade em adquirir certos requisitos, como mão de obra, por exemplo:

-Utilidades: o cenário das montadoras vem conquistando aos poucos o espaço goiano, como é o caso da oriental Hyundai em Anápolis. A realidade vilaboense não precisaria chegar ao complexo universo automobilístico, mas poderia se arriscar com a montagem de ferramentas (Bosch), eletrodomésticos (Rowenta), auto peças e material elétrico (Siemens AG), material escolar (Faber-Castell) ou até mesmo produtos farmacêuticos (Bayer);

-Vestuário: pode-se pegar carona com o sucesso da experiência das facções da Hering no município e se propor o mesmo para artigos esportivos, tanto roupas quanto calçados (Adidas e Puma). Sempre se considerando que Goiânia tem se tornado um dos maiores pólos têxteis do país. Aqui se poderia valer até mesmo da posição da Cidade de Goiás como rota de fornecimento dessas peças de vestuário para Cuiabá e demais pólos do Mato Grosso;

-Alimentos: como a Cidade de Goiás fica na chamada Rota da Carne, pois por seu anel viário passa boa parte da produção bovina do Centro-Oeste e também do Brasil, e certa parcela da soja mato-grossense também usa a GO-070 para ser transportada, então há de se considerar um potencial de beneficiamento de tais itens alimentícios no município. Seria o caso de se cogitar propostas junto à empresa Bunge, em se tratando da soja e seus subprodutos, e da empresa Sadia (hoje Brasil Foods) no que tange às suas parcerias com a fábrica alemã Eggelbusch, especializada em embutidos tipo exportação para o Oriente Médio.

Nota: A empresa de fertilizantes e alimentos Bunge e as ONGs Conservation International (CI) e Oréades lançaram a Aliança BioCerrado, visando o estímulo ao desenvolvimento sustentável do cerrado. O objetivo da iniciativa é conhecer, endossar e estimular os projetos de grandes empresas e organizações que atuam nessa região e, dessa forma, promover a troca de experiências, visando o crescimento econômico e a manutenção da riqueza natural do bioma.

Justifica-se a adoção do esforço conjunto pela região conhecida como o “celeiro do mundo”, por ser uma das áreas mais relevantes para o agronegócio mundial, onde se produzem a maioria das commodities do Brasil.

Considerações finais:

Em todo este processo o quesito mão de obra qualificada poderá ser o maior desafio a ser superado. No entanto já existe na Microrregião do Araguaia, na cidade de São Luís de Montes Belos que dista a apenas 95 km da Cidade de Goiás, uma iniciativa privada educacional de sucesso no ramo de capacitação profissional: o Colégio Montes Belos. Tal instituição de ensino oferece cursos técnicos em áreas diversas, tais como: Mecânica Industrial, Eletrotécnico, Informática e Segurança do Trabalho.

Atualmente uma unidade do Instituto Federal Goiano (IFG) está se instalando no município da Cidade de Goiás, visando desenvolver cursos técnicos profissionalizantes nas mais diversas áreas que possam atender às demandas locais. Tal fato já cria por si só novas perspectivas na oferta de mão de obra qualificada no mercado local a médio prazo.

Em tempo, tem-se também a alternativa de se desenvolver no município, quem sabe até na própria unidade escolar da Colônia de Uvá, uma das iniciativas em educação fomentadas pela Fundação Volkswagen desenvolvidas no interior paulista e já mencionadas no presente trabalho; tal empresa, pela sua própria natureza industrial, pode muito bem se interessar em investimentos em educação profissional para os descendentes de seus patrícios germânicos de Goiás e demais moradores.

A aceitação das propostas aqui explicitadas por parte das autoridades públicas e particulares interessados poderá ocasionar, no tempo e na medida certa, uma perfeita sincronia entre o que a sociedade necessita, o retorno aguardado pelos empreendedores e de que maneira os meios de educação, responsáveis pela conscientização e treinamento de pessoal, poderão estar suprindo os anseios de todo um sistema que visa a superação de uma crise econômica e principalmente de identidade que se abateu sobre o bom povo da Colônia dos Alemães do Cerrado e a gente vilaboense.


José Maria dos Santos
Sociólogo e Professor
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