
O Carnaval serve para quê?
A mídia impressionou o povo brasileiro ao anunciar o cancelamento do carnaval em algumas cidades brasileiras, seja por motivos hídricos ou financeiros. Curioso é saber que existe um vídeo no You Tube, com aproximadamente dois anos de origem, em que a banda gospel “Diante do Trono” profetiza a falência do carnaval.
De fato alguns analistas já chegaram a afirmar que o universo dos rodeios e shows sertanejos está superando em muito em arrecadação os festivais dos demais estilos musicais, inclusive do tradicional carnaval.
Ao que parece até as micaretas, como são conhecidos os carnavais ‘fora de época’, são mais lucrativas que a folia tradicional por diminuir a concorrência entre cidades, por uma questão de datas que podem variar ao longo do ano.
Muitos empresários reclamam do número exagerado de feriados no Brasil, em comparação a outros países, mas nenhum trava mais o desenvolver da nação do que o carnaval, haja vista que as coisas só começam a fluir melhor após esta data de três dias parados (levando-se em conta a Quarta-Feira de Cinzas).
A concepção de lazer para alguns povos, como entre os franceses, por exemplo, possui um caráter bem mais prático no que se trata de aproveitar as horas de folga: apesar de terem um calendário com quatro vezes menos feriados que o nosso país, a sua carga horária trabalhista semanal é de 35 horas, sendo 7 horas por dia apenas, o que lhes proporciona 1 hora de folga a mais por dia, se comparados com a carga horária brasileira de 8 horas diárias. Logo, o trabalhador francês não acumula suas folgas em alguns dias especiais ao longo do ano na forma de feriados, e sim aproveita melhor o seu dia-a-dia com uma hora a mais para fazer o que bem quiser: clube, dormir, academia, médico, compras, estar com a família, estudar, etc.
E por que esta fórmula francesa não funciona por aqui? Seria porque a indústria do turismo poderia falir se tivéssemos menos feriados, segundo a opinião de alguns. Será mesmo? E como se explica o sucesso do turismo na França?
No Estado de Goiás, por exemplo, somente uns 5% dos municípios são de fato destinos turísticos, e entre a população destas cidades apenas de 10 a 15% de seus moradores sobrevivem desta atividade. É errôneo apostar todas as fichas do PIB de uma cidade focando exclusivamente o nicho turístico. Não é segredo para ninguém que, pelo menos no caso da Cidade de Goiás, a arrecadação gerada pelos foliões no carnaval não chega a ser tão considerável, devido a maioria destes se hospedarem na casa de parentes, abastecerem nas cidades do caminho (como em Itaberaí) e se alimentarem com comida comprada em Goiânia e preparada em casa. Neste contexto hotéis, postos de combustível e restaurantes vilaboenses podem ficar a ver navios.
Mas, sendo assim, quem realmente ganha com o carnaval? A resposta estaria no polêmico mercado ilícito informal: prostituição e tráfico de drogas.
Se não falei nenhuma novidade então já é hora de mudar as estratégias. Resta saber se as autoridades e a iniciativa privada se habilitam para tanto.
Por José Maria
Professor e Sociólogo
Professor e Sociólogo
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