
Objetivo:
Desenvolver na zona rural das cidades de Goiás, Itaberaí, Mossâmedes, Buriti de Goiás, Novo Brasil, Itapirapuã, Matrinchã, Faina, Guaraíta, Itapuranga e Heitoraí uma economia dinâmica voltada às atividades referentes ao Agronegócio, vocação do Estado goiano, através de culturas inovadoras para estes municípios e mesmo para a região do entorno promovendo uma prosperidade de forma revolucionária e ecológica.
Justificativa:
No passado toda a região formava um só município, que era a antiga Vila Boa, onde até o final dos anos 40 somava 124 mil habitantes. A área dos municípios supracitados possui uma dimensão total de 13365 Km2, abrangendo uma circunferência ou ‘anel’ de aproximadamente 400 km de extensão.
Todos são interligados por rodovias das quais faltaria uns 100 km para serem pavimentados para melhor fluir a conexão de pessoas e mercadorias.
Pelo fato de se tratar de uma microrregião isolada dos grandes centros produtores as populações locais tiveram graves alterações em sua estrutura numérica através do êxodo para a Capital ou mesmo para outros Estados. Soma-se a isso o fato das terras em questão não deterem um destaque maior na produção, em relação a outras regiões do Estado, e ainda desenvolver um quadro de terras degradadas por desmatamento e queimadas que vem agravando o rápido empobrecimento do solo em algumas propriedades.
A agricultura auto-sustentável e ecologicamente correta do plantio de árvores (Silvicultura) seria uma solução que salvaria o solo, o clima, a água e a renda do povo local.
Leva-se em consideração também que o principal fornecedor de madeira é a região norte do país que, devido sua longa distância e conseqüentes fretes elevados, onera em muito o preço final do produto no mercado consumidor do Centro-Sul brasileiro.
As vantagens em se possuir um plantio em larga escala de árvores que visem suprir os grandes centros com madeira no coração do Estado de Goiás são enormes, pois só o transporte seria encurtado em no mínimo 2 mil KM, além dos impostos a serem abatidos através de incentivo do IBAMA para tal empreendimento. Sem contar que indústrias moveleiras poderiam surgir a médio e longo prazo junto ás áreas produtoras e a produção de carvão vegetal para o abastecimento de siderúrgicas do Sudeste do país, assim como para olarias e cerâmicas goianas, seria mais ecologicamente correta.
Enfim, segundo a opinião de diversos especialistas na área as duas únicas atividades consideradas seguras para o futuro no campo são: água e madeira, e ambas se mantêm mutuamente.
E é claro que tanto verde concentrado inevitavelmente atrairia legiões de adeptos do ecoturismo como camping, arvorismo, visitas de estudiosos, dentre outros.
Opções de plantio:
Guanandi ou Cedro D’água:
-Primeira madeira-de-lei do Brasil, protegida na época do Império;
-Apesar de sua origem amazônica (onde é conhecido como jacareúba) pode se adaptar muito bem em qualquer clima e solo do país;
-O solo seco das partes altas do cerrado, pouco aproveitado na agricultura, tem se demonstrado excelente para esta cultura, levando-se em consideração que em terras muito úmidas seu crescimento é 30% menor, embora isso não impeça alguns produtores de cultivá-lo em áreas de brejos;
-Pouco atacado pelas formigas;
-Não é atacado pela broca que afeta o mogno e o cedro comum;
-Seu plantio é incluído na política internacional dos créditos carbono;
-Sua castanha é usada na alimentação humana e animal, no fabrico de remédios e cosméticos além de ser aproveitada para a produção de biodiesel;
-Com cinco anos de vida já pode ser abatido para uso como mourões de cerca ou na construção civil;
-Com 10 anos já é apreciado pela indústria moveleira e naval;
-Com 18 anos é ideal para o fabrico de móveis finos;
-Suas raízes têm contribuído para a conservação do lençol freático, um recurso urgente no esgotado subsolo do Centro-Oeste goiano;
-Exemplos de municípios de clima e solo distintos que a experiência do guanandi tem dado certo: Paudalho (Pernambuco), Guaxupé (Minas Gerais) e Mococa (São Paulo);
-Alta rentabilidade: enquanto o metro cúbico do eucalipto custa R$50,00 no mercado o guanandi custa R$1500,00 o metro cúbico e se for em pranchas já cortadas sobe para R$2000,00;
-Numa área de 5 hectares plantada com guanandi gasta-se em média R$200,00 por mês, e por ano são aproximadamente R$2.600,00. Ao final de 18 anos, melhor idade para o abate do guanandi, se terá gasto com a cultura algo próximo de R$50.000,00. E o lucro da venda de toda a madeira será de impressionantes R$6.300.000,00!;
-O eucalipto também pode ser aproveitado como móvel em 18 anos, mas a sua qualidade e preço são inferiores, e dele não se extrai os subprodutos das castanhas que o guanandi oferece e já citados acima;
-Importante: é notório o conhecimento de que o eucalipto pode desgastar o solo diminuindo sua umidade, o que não ocorre com o guanandi;
-Conforme o cuidado despendido um hectare pode produzir até 300 árvores ao final de 18 anos, com um gasto de R$500,00 ao ano, e um lucro que pode variar entre R$600.000,00 e R$900.000,00. Logo uma área tão reduzida como apenas um hectare pode se tornar uma espécie de “Poupança Vegetal”;
-Pouca mão-de-obra: um trabalhador pode plantar até 200 mudas e cuidar de 50 hectares. Logo, é importante lembrar que a geração de empregos mais intensa é no período de corte da madeira ou da coleta das castanhas;
-O guanandi pode ser associado a outras culturas de sombreamento, compartilhando o terreno, tais como o côco, o palmito e o cacau, este último inclusive merece uma atenção especial no próximo item.
Cacau:
-Embora tenha sua fama no Recôncavo Baiano aquela região, encabeçada por Ilhéus, ainda está se recuperando da crise iniciada a 20 anos devido a praga do fungo conhecido como ‘vassoura de bruxa’;
-O solo do cerrado tem demonstrado uma melhor receptividade ao cacau do que na mata atlântica baiana e dispensa o uso de agrotóxicos;
-No cerrado: produção em 2 anos e mais de 50 frutos por planta por ano, que é duas vezes mais que a produção da Bahia;
-Chega-se a 600 pés por hectare e pode ser associado com o cultivo da banana;
-Oito mudas são suficientes para a produção do chamado chocolate caseiro, e que seria uma opção para o mercado artesanal;
-A criação de cabras na região em questão, já abordada num projeto paralelo, daria base material para o desenvolvimento local do chamado ‘Chococabra’, que seria um chocolate feito com leite de cabra, mais saudável e nutritivo que o leite bovino;
-Dependendo da oferta de cacau empresas de processamento de chocolate podem acabar se instalando na região gerando emprego e renda, aproveitando-se também a produção de leite bovino em municípios vizinhos;
-O cacaueiro, com a copa de sua árvore vasta, pode viver por quase 100 anos contribuindo também com o equilíbrio do clima local.
Seringueira:
-Origem amazônica, mas tem se adaptado bem ao cerrado;
-Pode produzir o látex, matéria prima da borracha, até os 50 anos de vida da planta, onde a partir daí há um estudo de aproveitamento da madeira;
-Ausência de fungos que ataquem a planta em Goiás;
-Goiás produz 30% a mais que a média nacional;
-Já existe o chamado ‘couro de borracha’ que possui uma consistência parecida com o couro animal e com resistência maior e preço mais acessível;
-O município de Goianésia, em parceria com mais 14 cidades, tem desenvolvido um viveiro de mudas desde 2007;
-Largo uso de mão-de-obra e possibilidade de instalação de indústrias de beneficiamento próximo aos produtores gerando emprego e renda.
Caju:
-Típico do cerrado e dispensa apresentação;
-Se adequa nos terrenos mais pobres, geralmente desprezados pela agricultura;
-Seus frutos podem ser usados na indústria de polpas e doces;
-Sua castanha, a parte mais requisitada no mercado e desprezada no sertão goiano, pode ser torrada e vendida até mesmo para exportação a um ótimo preço. E, além disso, a Universidade de Brasília – UNB desenvolveu um projeto de aproveitamento do óleo (líquido da castanha do caju – LCC), extraído e descartado na queima da castanha, para a produção de um excelente protetor solar ainda recente no mercado;
-Sua flor é apreciada pelos apicultores por ser mais procurada pelas abelhas na produção de mel, podendo gerar assim a associação dos pomares com colméias (apicultura);
-Resta desenvolver o plantio de forma organizada em lavouras, visto que a coleta ainda é feita de forma extrativa e de subsistência em espécies nativas no cerrado.
Pequi:
-Embora ocorra em todas as regiões de cerrado no Brasil especialistas afirmam que o solo goiano possui uma característica peculiar que gera um fruto de composição mais densa, odorífica e calórica do que em outros Estados;
-Os requisitos citados acima são mais marcantes nos montes do centro oeste goiano, e no município de Goiás mais especificamente;
- O consumo em todo Estado ainda é extrativista;
-No sertão do Ceará existe a maior lavoura desta planta, para fins até de exportação. Se no semi-árido tal cultivo deu certo as chances na região goiana em questão são enormes;
-A Universidade Federal do Mato Grosso está desenvolvendo uma espécie sem espinho e com mais polpa e visa o seu uso como biodiesel. Uma parceria de tal instituição com o município vilaboense iria combinar tecnologia com um solo e clima ideais gerando uma revolução no conceito de uso desta especiaria tradicional podendo buscar fomento junto ao governo federal através da Petrobrás;
-O plantio em lavouras organizadas engrossaria a área verde arbórea da região zelando pela melhor qualidade do solo, clima e água locais.
Tamareira:
-Já citada em um projeto paralelo esta planta, que pode atingir altura considerável, proporciona não só frutos para comercialização como também sombra agradável, visto que é muito apreciada no Oriente Médio, sua região de origem;
-Seu aspecto sombreado e ornamental, com galhos altos que não atrapalham quem passa por debaixo deles, lhe permite ser utilizado para fins de arborização urbana como, por exemplo, em calçadões. Aqui surge uma inovação prática para o perímetro urbano: a criação de um calçadão, para pedestres e ciclistas, que formaria um anel no entorno da cidade percorrendo do conhecido Trevo da Carioca até a comunidade de Areias e acompanhado de uma ramificação do entroncamento do Parque de Exposições até o entroncamento da saída do Setor João Francisco para a cidade de Jussara. Em toda a extensão desta via marginal as tamareiras seriam plantadas de seis em seis metros, proporcionando uma caminhada agradável tanto para atletas quanto para moradores dos setores mais suburbanos como Goiás II e Tempo Novo.
Considerações finais:
O projeto aqui apresentado é uma empreitada inédita de médio e longo prazo que para sobreviver busca o apoio de prefeituras e governos estaduais que não se limitem a um ou dois mandatos consecutivos do poder executivo, mas de um reconhecimento de que tal proposta seja um legado para as futuras gerações na delicada evolução do desenvolvimento sustentável.
Assim como quase tudo que represente lucros e progresso no universo agrícola goiano este “Cinturão Verde” aqui descrito depende também da força da natureza e da generosidade do tempo para poder gerar seu retorno esperado. Tal força da terra vai além da condição humana e é por isso que buscamos a benção de Deus em tal obra.
Mas, enquanto isso, a boa vontade das autoridades é crucial para que um primeiro passo se dê rumo a uma fase inovadora e próspera na história dos goianos.
José Maria dos Santos
Sociólogo e Professor
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