Coluna Arte e Cultura - Badiinha, uma memória afetiva da Cidade de Goiás - GO


Há algum tempo, registrei memoráveis palavras em um relato com o título de Metamorfose Ambulante, sim, um registro afetivo, onde nossa querida Badiinha, figura popular e tão querida da cidade de Goiás, merecidamente, protagonizava o texto. Neste pontual momento, vale aqui reportar um pouco desta memória, que em parte dizia assim:
"Menina moça, criada pela "Dindinha", que também conhecida era, como dona Nenê, na pensão da Praça 11 de Setembro, hoje, Maestro João Ribeiro.

Seus hóspedes, pessoas simples do povo, pobres viajantes... Um dia, já sem a Dindinha, mesmo permanecendo na pensão, ela se viu sem chão e só, no seu mundo interior. Andava pela Praça, pelas ruas, almoçando aqui, jantando ali. Por várias vezes, a seu pedido, prendi seus cabelos e colori de verde e amarelo suas unhas, enfeitando assim seu imaginário.
Nestas idas e vindas, também conheceu o outro lado da cidade, as festas populares, descobriu que gostava de carnaval, futebol, política e religião. Então, aquela mulher anônima, agora se fazia presente no contexto cultural da cidade.

Hoje, sua atuante participação e singular vestimenta, por ela decorada, é de fazer inveja em muitos estilistas ditos "famosos". Em sua passarela, pelas ruas de pedra, ela caminha concentrada e soberana. Há uma gama diversificada de cores, tecidos e modelos, santinhos, rendas, saias rodadas e ainda outros que fazem parte dos modelitos de "Badiinha".
Badiinha que está no Dossiê do Patrimônio, Badiinha que samba no carnaval e coleciona troféus, Badiinha que é amiga do Hospital São Pedro... e torce pelo seu candidato, na época das eleições.

Mulher decidida, ou ela ama de paixão ou ignora totalmente quem não lhe é do agrado. Com um sorriso intencional, dá bom dia quando é noite, e dá boa noite quando é dia. Às vezes usa sapatilha que reluz como ouro, outro dia, vai de botina mesmo e pisa firme esse seu chão vilaboense.

Então, como uma metamorfose ambulante, assim é nossa querida Badiinha, também, Patrimônio Mundial da Humanidade".
Autêntica e tão querida, agora Badiinha se junta a tantas outras, que por aqui deixaram suas marcas na história, registrando identidades, fazeres, hábitos, costumes. Badiinha se foi neste dia 07 de junho de 2021... mais uma vítima do vírus desta mundial "guerra fria". Como metamorfose ambulante, sua contribuição será memorada com o seu mais puro e singelo sentimento, um sentimento verdadeiramente vilaboense.

Por Marly Mendanha
Artísta Plástica, Documentarista e Articulista




Compartilhar no Google Plus

0 comentários:

Postar um comentário

Comentários anônimos não serão publicados.