19/04 - 20:30h - Governo X Professores - Combate pode prejudicar candidato do PSDB

A queda de braço entre os professores da rede estadual e o governo durou 51 dias e, como sempre, os mais prejudicados foram os próprios professores, que mediante ameaças do lado mais 'forte' “suspenderam” a paralisação sem resolver o impasse que gerou a greve, e os alunos que terão de assistir aulas de reposição aos sábados durante o ano todo para que sejam cumpridos os 200 dias letivos. A categoria deflagrou greve em 05 de fevereiro após ter o plano de carreira modificado via projeto de lei do governo enviado ao legislativo e, segundo informações, votado e aprovado sem discussão com a categoria. O Sindicato buscava o cumprimento do piso nacional garantido por lei e foi surpreendido com modificações drásticas no plano de carreira. Enquanto se falava tanto em valorização da classe, no polêmico projeto de lei, a carreira do professor sofreu danos irreparáveis. Noticia-se que o governo de Goiás remunera os professores acima do piso nacional de salários, mas não há detalhamento de como o governo conseguiu esta façanha.
Ocorre que o piso propagado pelo governo contemplou satisfatoriamente apenas um nível de formação, que conta com menos de mil professores num universo de quase 29 mil da rede estadual. Para os níveis *PIII e *PIV o governo remanejou a gratificação de titularidade, incorporando-a ao salário base, respectivamente. No caso de professores PIII, PIV e até aposentados que não possuíam nenhum percentual de titularidade, estes receberam um aumento por volta de 500,00 em seu salário base, enquanto a maioria representada pelos PIII e PIV que já tinham os 30% devido a investimentos na carreira obteve uma diferença final de menos de 40,00 em seu salário, o que caracterizou o achatamento da carreira, e fatalmente acarretará desestímulo pela profissão, pois houve prejuízos para todos os níveis. Percebemos que esta é uma situação bastante complexa.
Em substituição à titularidade incorporada ao vencimento (com objetivo de atingir o piso nacional, o que é ilegal), o governo propaga um novo “estímulo” para recompor a carreira e torná-la mais atrativa que no modelo pensado pelo Secretário da Educação, o Economista Thiago Peixoto, um professor levaria mais de 30 anos para agregar tais benefícios ao seu salário, sendo que a carreira tem duração de 25 anos para mulheres. Diga-se de passagem, que este “estímulo” não considerou os professores que já estão na carreira há anos, ou mesmo os prestes a se aposentar, ou seja, conseguir recompor as perdas só trabalhando efetivamente uns 50 anos em sala de aula. Tecnicamente as “vantagens” do novo plano de carreira imposto pelo governo aos professores são inviáveis e claramente desestimulantes.
A título de informação, a greve foi suspensa para que uma comissão prosseguisse com as negociações junto ao governo. Uma nova assembleia está marcada para o próximo dia 20 para analisar as propostas, pelo que consta até o momento não foram apresentadas ao sindicato da categoria.
Vale lembrar que as eleições municipais estão às portas e, cá pra nós, se o governo tem pretensões políticas nos municípios deverá reparar os estragos causados na carreira do magistério, caso contrário pode tirar o cavalo da chuva porque vai molhar. A categoria envolve suas famílias e também alunos e pais de alunos, certamente motivados pelos professores estarão dando o troco deste desgaste nas urnas. Afinal, em todas as esquinas da cidade ouve-se dos professores que Marconi nunca mais!
*PIII – Professores com curso superior. *PIV – Professores com Pós-graduação.

Por Gessy Chaves
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1 comentários:

  1. Soma-se à essas questões salariais o clima de terrorismo que os profissionais da educação principalmente professores vêm sofrendo dentro do ambiente profissional. Cobrança em cima de cobrança, mudanças repentinas de rotinas, perda de autonomia na sala de aula, visto que o currículo escolar dever seguir a pauta da SEDUC. Com a ressalva de que os livros foram escolhidos o ano passado e o novo currículo da SEDUC não levou em consideração os livros adotados por cada escola. Enfim, um grande desestímulo para o trabalhador.

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