1.jpg)
Por Elenízia da Mata
Coordenadora do CEAM
Consultora do SEBRAE
Coordenadora do CEAM
Consultora do SEBRAE
O Projeto Mulheres Coralinas reuniu mulheres que receberam capacitação e formação em áreas específicas de trabalho como Cultura, Artesanato, Gastronomia e em conhecimentos que contribuem para a conquista da autonomia intelectual e da emancipação cidadã como leitura e literatura e introdução aos direitos assegurados pela Lei Maria da Penha.
O evento, que foi um sucesso, contou com a participação ativa da Prefeita Selma Bastos, e aconteceu no dia 18 de agosto e teve como realizadores o CEAM – Centro Especializado de Atendimento à Mulher e Secretaria Municipal de Cultura de Goiás em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres-Gabinete da Presidência da República, Secretaria Municipal de Cultura e Centro Especializado de Atendimento à Mulher
A vida e a escrita da poetisa Cora Coralina constituirão os motivos inspiracionais e exemplares para a condução das ações propostas pelo Projeto. A escolha da poetisa e sua obra para eixo transversal das ações do Projeto se fundamenta no fato de que a poetisa vilaboense emblematizou em três esferas da vida – existencial, artística e profissional – uma história de luta e de afirmação do lugar da mulher na sociedade. Dessa forma, a sua vida e a sua história, entrelaçadas fortemente pela memória da mulher que, na velhice, recorda e passa a limpo o vivido, constituem, ao serem transformadas pela dimensão estética, exemplos de determinação e força existencial. E, no Projeto, serão bases para a discussão e impulsos para a compreensão e representação da vida das participantes com vistas a educação estética, a aguçar a percepção do mundo e a promover a autonomia econômica das participantes.
O Projeto Mulheres Coralinas se destina prioritariamente à mulheres artesãs, doceiras e quitandeiras e terá, também, como participantes mulheres garis e mulheres professoras. Todas são mulheres que participam da economia da Cidade de Goiás. As mulheres artesãs colocam a força criadora nas mãos, transformando a matéria informe em artesania de bordados, bonecas, jarros, potes e tantos outros utilitários e objetos estéticos.
Esses saberes das mãos amalgamam experiências dos mais velhos, narrativas da tradição, fazeres, que passam de mãe para filha e têm sido meio de subsistência para famílias que aprendem a vida em torno do tecido a ser bordado, do barro a ser modelado. Da mesma forma, esses saberes das mãos continuam nas mulheres doceiras e quitandeiras. De rica tradição na Cidade de Goiás, os doces e as quitandas envolvem um fazer que passa de geração a geração e foram e são a economia de muitos grupos de família.
Simbólico na vida de Cora Coralina – pois quando retornou à Goiás, em 1956, com sua visão de mulher empreendedora e à frente de seu tempo, percebeu que o turismo poderia ser fonte de renda e começou a comercializar doces, as doceiras e quitandeiras de Goiás desempenham uma função na economia produtiva do Município e no imaginário do moradores e dos visitantes e turistas.
O doce se une aos versos de Cora Coralina, ela sobreviveu durante anos na sua volta vendendo doces aos turistas que visitavam sua casa em busca dos versos, escritos em seus cadernos de espiral e colocados ali no “rabo” do fogão à lenha, junto aos tachos de cobre. Por outro lado, o empadão goiano provoca a imaginação do paladar e atrai muitos visitantes e turistas à Goiás à procura do seu verdadeiro sabor.
Todo esse imaginário da culinária vilaboense, perpassado pela arte poética de Cora Coralina, compõe a culinária vilaboense, que tem uma boa qualidade de produção, mas que precisa ser qualificada na etapa da comercialização. As mulheres garis, numa visada de olhar a partir do lugar que é Patrimônio Cultural da Humanidade, são, antes de tudo, cuidadoras e guardiãs do patrimônio histórico e arquitetônico da Cidade de Goiás, zelando pela sua manutenção e conservação.
Elas participam ativamente e integram o patrimônio de humanidade que proporcionou a Vila Boa o reconhecimento pela láurea da UNESCO. Ainda, as mulheres garis são, antes de tudo, trabalhadoras da saúde pública, que, ao retirar o lixo das ruas e becos, asseguram a limpeza pública, contribuindo com a saúde da população. Já as mulheres professoras, ao se responsabilizarem pela transmissão do saber, participam da formação do ser humano. São artesãs da palavra, que transferem o que sabem e se inscrevem no movimento de ensinar e aprender. Todas são mulheres às quais damos o adjetivo “coralinas”, porque, assim como a poetisa, representam aquelas que lutam para construir a cidade justa por meio do trabalho, por meio dos seus fazeres.
Sabemos que quando a mulher tem o poder de decisão sobre suas vidas, elas o têm também sobre seus corpos e podem influenciar os acontecimentos em sua comunidade e seu país. Por meio da capacitação de mulheres artesãs, doceiras e quitandeiras, garis e professoras, possibilitaremos a articulação das cadeias produtivas e do conhecimento geridas e/ou integradas por mulheres. A articulação entre produção artesanal, leitura, patrimônio cultural e atividades turísticas e culturais permite lançar um novo olhar para a ampliação da igualdade de oportunidades de gênero.
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários anônimos não serão publicados.