Quem se importa?... Com José Maria (Pezinho)

Anatomia de uma cidade que funciona II

O problema dos buracos nas estradas rurais é clássico, com ou sem chuva, o que atrapalha o transporte de mercadorias agrícolas e pessoas. Há algum tempo foi desenvolvido em alguns países, e mesmo em algumas rodovias brasileiras, o uso de borracha de pneu moída misturada ao piche, numa dosagem específica, gerando um asfalto mais flexível e por sua vez mais resistente aos impactos do peso de caminhões e ônibus. Os relatórios demonstram um tipo de pavimentação praticamente definitiva, que pode passar anos sem ser recapeada, ao contrário do asfalto 'descartável' que estamos acostumados a ver por aí que exige uma troca anual. Embora possa parecer dispendioso propor asfaltar estradas de terra devemos considerar que tal fórmula emborrachada, por ser permanente, tem o seu custo recuperado em pouco tempo tamanha é a economia com manutenção, como o que se gasta com os patrolamentos;

- Existe uma planta nordestina chamada moringa que é largamente utilizada para filtragem de água muito suja com resultados surpreendentes: suas sementes são jogadas na água e absorvem toda a sujeira como se fosse uma esponja de limpeza. Tal árvore poderia muito bem ser plantada no leito de cursos d´água poluídos, como no caso do córrego da Prata. Seria um paliativo até a rede de esgoto tratado estar completamente funcionando no município;

- Por falar em água a malha urbana vilaboense é entrecortada por inúmeras minas ou nascentes em diversos bairros, um privilégio de poucas cidades no mundo. No entanto estas fontes são vistas pela população como motivo de aborrecimentos quando, no período chuvoso, brotam na superfície encharcando o solo das ruas e destruindo todo tipo de calçamento. Deve-se criar um programa de drenagem que possa canalizar adequadamente esta umidade em canaletas ao longo das calçadas por onde elas passam e até mesmo, conforme a quantidade de água que flui, ser retida em pequenos tanques distribuídos em locais estratégicos que serviriam como ponto de refrescamento para pedestres em nossas tardes quentes e para ser usada pelos moradores como reservatório para regar as árvores das calçadas próximas. Tal experiência é uma realidade de sucesso a muitos anos na cidade argentina de Mendonza, inclusive cercada por um deserto. Seria um verdadeiro oásis urbano, extremamente útil para umidificar a secura de nosso clima em Agosto e Setembro;

- Um alerta: as tão temidas inundações do Rio Vermelho possuem intervalos que parecem obedecer a uma certa lógica natural que tem a ver com as mudanças climáticas no decorrer das décadas, confirmada no histórico do Memorial das Enchentes. Os períodos se iniciaram de 70 em 70 anos, depois de 35 em 35 anos, até chegar de 12 em 12 anos (este último caso se confirma nas ocorrências das cheias de 1989 e 2001). Sendo assim há uma grande possibilidade de inundação em Dezembro de 2013.

O Ibama deu as devidas orientações, em 2002, do que deveria ser feito para prevenção de novas catástrofes: reflorestamento das margens do rio, criação de pequenas barragens em pontos estratégicos para diminuir a velocidade da correnteza e alargamento do leito no centro da cidade, na altura entre o Hospital São Pedro e a Praça de Eventos. Nenhuma providência foi tomada pelas gestões passadas ou pela atual. Tragédia anunciada? Espero que não.

Uma reflexão: certos municípios brasileiros preferem que os acidentes venham para poderem receber verba federal na reconstrução (até para aquilo que não foi destruído). É uma triste lógica da “Arquitetura da Destruição”.

Por José Maria
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